Mais Um Retiro Pra Conta

A cada dia me sinto mais atraída pelo Yoga. Essa sabedoria milenar me virou do avesso, mas agora eu sei que o avesso é o meu lado certo.
Já são três retiros de Yoga, o segundo só nesse ano. Posso me considerar uma pessoa de privilégios por isso, mas mais ainda, devido ao acesso aos ensinamentos iogues. E mesmo que essa sabedoria seja acessível a todos, todos mesmo, o pulo do gato é saber colocá-la em prática.
Nem todo mundo está pronto para ser colocado do avesso. Nem todos estão preparados para se desfazer do véu de Maya, ou tirar os óculos da ilusão.
No retiro eu vivi momentos memoráveis e, também, de desilusão. Desilusão porque eu percebi que tenho uma mente que mente, uma mente moldada e manipulável. Tanto que eu nem queria que o retiro acabasse, como se fosse possível impedir a ciclicidade da vida. Sou tão grata aos momentos memoráveis quanta aos de desilusão, assim pude ter muitas outras percepções de mim mesma.
Talvez eu pareça muito autocrítica, mas reconhecer as próprias ilusões é tão libertador. Sensação de leveza, coisas que só um retiro de yoga pode promover. Claro que eu reconheço as trocas ricas e amorosas, mas os maiores ensinamentos vêm nas entrelinhas.
Ele vem quando todo o vislumbre termina e a gente retorna pra Matrix. Afinal, é aqui que a vida acontece, é na Matrix que os ensinamentos do retiro precisam ser colocados em prática. É aqui que eu preciso separar o joio do trigo, orar e vigiar. Caso contrário, teria sido apenas um final de semana na serra.
De fato, foi um final de semana na serra, porém com poderosas missões a serem cumpridas a partir de agora. A missão de perceber que esse eu que se deslumbra e sofre com as partidas ainda tem muito que aprender, ou desaprender. A missão de estender as mãos para todos aqueles que sofrem, pois somos todos Um. A missão de continuar enxergando beleza nesse mundo, apesar dos horrores. E, por fim, a missão de aceitar que todos temos uma mente que mente.
Assim vou caminhando com os meus estudos nessa tradição milenar e a cada nova percepção é uma grande vitória. Aprender através de trocas amorosas e em meio ao verde da natureza é, sem dúvida, o melhor jeito de se colocar do avesso!